Blessed

É eu bem sei que estou doente, mas passar a noite de domingo na janela do meu quarto sentindo as gotículas de chuva caindo e acertado meu rosto foi revitalizante.

Ao meu lado, deitado e encostado na cama, o meu bem mais precioso dormia profundamente, com aquela calma e serenidade de quem está onde deveria estar. Aquela falta de medo, de dúvidas, a tranquilidade.

De certa forma ele é um cão sortudo. Ele tem um casa, tem comida, tem carinho, amor e uma família. Apesar de doenças crônicas que vem e voltam, ele tem uma vida longa e uma humana meio irresponsável para chamar de sua [essa mesmo que vos escreve].

Existem dias em que gosto de divagar sobre as vidas possíveis na terra, sobre tudo o que acontece ao nosso redor que a gente não entende. Nesse tempo pensando os minutos se vão e eu acabo meio que rezando para Deus e/ou pro Universo.

Sempre que eu posso eu agradeço as bençãos que recebo diariamente, em todos os instantes. Eu gostaria de poder ver mais, de sentir mais, de agradecer mais. Preciso aguçar mais a minha sensibilidade.

Quando eu deito para dormir outra felicidade me toma. Olho ao meu redor e o meu quarto bagunçado parece o melhor lungar do mundo. Eu tenho uma janela com chuva lá fora. Eu tenho lençóis fresquinhos e limpos.

Do meu lado da cama posso ouvir os roncos do meu cachorro mais velho [Ralf], que dorme tranquilamente. Nos meus pés, em cima da cama, consigo ouvir os resmungos da minha doce cadelinha mimada [Mel] entre um sonho e outro.

Termino meu dia com uma ideia fixa em mente: “Sim, eu sou uma pessoa muito abençoada”.

Janaina de Oliveira