Insônia

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Uma noite fria e solitária, sem sonhos, sem amor, sozinha, longe de tudo e de todos. Quantas besteiras em tão pouco tempo, quanto medo guardado, aquele segredo rodando na cabeça. Os defeitos agora fazendo falta.
Saio apressada, queria agora ser transparente, vou com a cabeça em qualquer lugar menos naquele trânsito maluco de sexta à noite, saudades dos tempos velhos. Entro no supermercado e compro um litro de vodka, quero beber sozinha, não mereço dividir esse momento com ninguém.
Em casa vou enchendo e secando de um por um, vários copos, um após outro, bebo rápido, o gosto amargo do álcool me traz uma felicidade macabra, me arranca até sorrisos estranhos. Aos poucos a cabeça começa a rodar, o sentimento de um mundo melhor começa a surgir, ligo o som e me envolvo nas letras.
As lembranças começam a chegar: primeiro ele, depois ela, elas, eles, todos juntos numa enorme confusão estúpida, tantos e tão poucos, as vozes iam e voltavam, ecoavam forte, gritavam, chegavam a arranhar de dentro pra fora. Sinto a cabeça, o coração, os quadris, tudo treme.
No banheiro, ligo o chuveiro no modo mais gelado que consigo, quando vou sentir a água chega a doer, parece pedrinhas de gelo roçando minha pele. Entro de cabeça e tudo, sinto minha roupa colar no corpo, me contorço de dor e êxtase. Encosto na parede e deixo meu corpo ir caindo bem devagar, sento e passo alguns minutos sem entender o que se passa, o resto corpo acaba por cair sozinho e agora sinto meu rosto tocando o chão gélido do meu banheiro.
As lágrimas por fim se rendem e começam a cair, caem desesperadamente, os soluços vêm em seguida ritmados e sem fim. Grito bem baixinho, mais pra mim mesma que pro mundo:
- Petulante!
Acabo por sorrir de um jeito triste até adormecer, ou cochilar. Algum tempo depois já é dia.
Os olhos ardem para abrir, o frio fez as pontas dos dedos ficarem roxas e enrugadas, acho isso tão engraçado. A graça passa rápido, pois minha cabeça lateja e meu estômago está embrulhado.
Quando saio do banheiro percebo que o dia traz uma brisa gelada, seguido de uma leve chuva que me parece bem amigável. Apesar da ressaca, tudo agora está melhor, a noite passou e eu posso até mesmo ir à praia e levar os cachorros para passear, tenho que aproveitar até a próxima insônia que, provavelmente, não tarda a chegar.

Janaina de Oliveira

Comentários

  1. Eu gostei. A forma como vc delineou o texto deu um tom mt pessoal, n ficou parecendo uma coisa criada aleatoriamente, apenas pra encher um espaço vazio no seu blog.
    Gostei de perceber o vórtex de sentimentos q a personagem desse texto passa, pq mostra como alguém pode ir de um extremo a outro em poucas horas.
    Mt bom o texto =)

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